A introdução da leitura na vida das pessoas é uma
transposição do tempo e do espaço, conhecer lugares possivelmente desconhecidos
e que talvez, nunca serão visitados. Ler iguala as classes sociais e transforma
qualquer um, pois o caráter e a personalidade serão lapidados pelo que é
aprendido. Através dessa habilidade constroem-se sonhos, formam-se críticos e
desenvolve-se a reflexão do leitor, dando outros valores às coisas mínimas da
vida.
Sob esse prisma,
leitura, Newton Mesquita endossa sabiamente que "...aquilo (que lê) toca
na sua essência e detona tantas ideias e fantasias que se tornam parte de sua
vida"
A leitura é uma experiência inenarrável,
reporto-me a um momento ímpar em minha vida. No período de alfabetização,
adorava pegar o ônibus com a minha mãe aos fins de semana e sentar-me à janela
só para vencer um desafio pessoal e particular proposto por mim: olhar pela
janela e tentar ler os nomes das lojas, ruas, faixas, placas de trânsito e tudo
quanto fosse possível, desde que rápido e com perfeição. Esses eram os momentos
de felicidades, pois percebia que estava aprendendo.
No entanto, durante a sétima série, quando
era proposta a leitura compartilhada, sentia-me constrangida, mesmo sabendo
ler, sofria com a remota hipótese de errar a pronúncia ou não saber respeitar a
pontuação do texto proposto. O receio era tão grande que fatalmente
influenciava, negativamente, na minha desenvoltura.
Já no ensino médio, momento em que conheci
"Macunaíma" a leitura veio com outro sabor, tornei-me "ávida por
conhecer as coisas e saber mais" (J.C. Violla). A leitura me deixou instigada
e tentada a desvendar os mistérios dessa obra tão especial e incrível.
Nesse processo de leitura, o artigo de Wander Soares "Quem
não lê, não escreve" também
teve um papel renovador no meu aprendizado, pois descobri, infelizmente, que
fazia parte da porcentagem que não lia durante a infância, por motivos externos
(pais não alfabetizados, sem hábito leitor; escolas quase sem incentivos para
desenvolver o meu prazer em aprender.)
Logo o gosto pela leitura veio por intermédio
de amigos leitores e uma professora, contadora de histórias que tive na quinta
série, que despertou em mim a vontade de ler tanto e tão bem. Faço das palavras
de Wander Soares as minhas: "quem
não lê, não escreve". Não lê o mundo, destarte não escreve a própria
história.
Abraço
Gisele Reis
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